8.7.12

Woody, meu fellini americano




Um diretor como Woody Allen não tem filmes melhores ou piores, mas filmes que agregam em uma carreira. Sabia que eu ia me encantar com To Rome With Love, mesmo com tantas críticas desaforáveis ao filme. Na verdade a minha única decepção foi com o papel de Penelópe Cruz, que poderia ser desempenhado por qualquer atriz, mas Penélope é sempre um chamariz, uma espanhola em Roma...  Adorei os molhos de tomate,  o pastelão, o excelente papel da esposa no filme desempenhado por Judy Davis como a psicanalista que ironiza Woody, as tiradas de efeito, o imbroglio da comédia, Roberto Begnini como um clown!
Pensei muito nas blogueiras nesse filme, especialmente na cena onde a mulher de Roberto Begnini vai para um red carpet romano com um vestido barato e meia desfiada, mas acaba virando noticiário e  eleita glamurosa pelos paparazzi e a mídia que têm o poder de transformar a notícia como querem .
 Woody saca muito bem que os ricos e famosos são mais felizes ( e  leia-se o excelente artigo no Estado hoje de Ron Siegel, recomendo:) .  Saca bem também que não se sabe dizer porque os famosos são famosos. Simplesmente são. Os eleitos. Difícil mesmo é ser famoso para sempre.

                              Alec baldwin, um fantasma hamletiano no filme 




Essa é a imagem que ficou gravada em mim no filme de Woody: a ópera, os clowns, os pagliacci ( gênios inteligentes como Begnini , Allen e Fellini:). O rigoletto.  Roma não é só um cartão postal, fontes, coliseus ou vaticanos, pennis e rigattonis, paparazzi al pesto , mas a cidade que atraiu Freud . Freud não gostava especialmente de música ou ópera, mas Roma foi uma atração fatal. Woody é o mais freudiano dos diretores americanos. O que tenta passar em seus filmes cada vez mais bem elaborados em termos de roteiros, é que ser engraçado é patético, e ser patético é ser engraçado. O humor como ingrediente é o nosso ato falho. Nele podemos escorregar à vontade/  

                                   

5 comments:

  1. há muito de Sacha Guitry nos filmes de woody, já repararam?

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  2. Anonymous7/08/2012

    Adorei sua crítica do filme! Vc tem razão, cada novo filme do Woody só agrega ou reforça sua obra sui-generis...onde estão sempre presentes sua inteligência, sensibilidade para captar o mood dos tempos atuais e uma leveza que não cai nunca na superficialidade. Bjssss, C

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  3. Sandra Yedid7/09/2012

    He querida,
    Depois de tão bem comentada crítica do Para Roma com Amor, parece que passei a gostar mais do filme que não especialmente me encantou.
    No meu ponto de vista, o best movie do Woody, foi "Match Point" = um tiro certeiro no inconsciente de todos nós....
    Roma é multo bella! Bellíssima, sem dúvida!!!! Mas os bastidores ingleses de ego dos personagens de Match Point são belos em sua essência, pois são pura expressão de pulsão de vida e de morte; assim como nós, míseros filhos de Freud.... Bjão
    Sandra

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  4. Heddy caramia,
    Adorei seus pensamentos sobre "Para Roma com Amor". Principalmente a lembrança de que Freud se encantava com a cidade.Porque ela espelha tão bem o nosso mundo interno e sua diversidade em camadas e camadas.
    Não há uma só Roma. São muitas, erigidas uma em cima das outras. Playground favorito de arqueólogos, assim como o mundo interno atrai os psicanalistas. Freud achava que eram profissões parecidas.
    Você é uma garota muito sabida!
    Bjs

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  5. eleonora linda, verdade, e a psicanálise é uma arte cinematográfica, explorar inconscientes... Baci cara, arrivederci.

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